SALICUS
Revista de Música Litúrgica
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Notícias da Arquidiocese de Braga

SALICUS 13

Nos próximos dias será disponibilizado o décimo terceiro número da SALICUS, dedicado à Paixão do Senhor.

A Semana Santa ou Semana Maior, pelos acontecimentos que nela se celebram, começa com o Domingo de Ramos na Paixão do Senhor. Neste dia os cristãos comemoram a entrada triunfal do Senhor, em Jerusalém, com uma procissão com ramos de oliveira e palmas, imitando as aclamações e os gestos das crianças hebreias saindo ao encontro do Senhor, aclamando-O como Rei e Senhor. Durante a procissão são cantados: o salmo 23, cantando “Hossana nas alturas” e o salmo 46, entoando “Hossana ao Filho de David. Bendito o que vem em nome do Senhor”; e outros cânticos apropriados ao momento. Na Liturgia da Palavra, escuta-se um dos “Cânticos do Servo do Senhor”, Servo revelado plenamente na figura de Jesus, na sua Paixão. O salmista canta o salmo 21, com palavras do próprio Jesus proferidas do alto da Cruz: “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?”. Depois é escutado o Hino Cristológico do Novo Testamento (Fil. 2, 6.11), onde é narrado o grande ato de humildade de Jesus, que sendo Deus, assumiu a nossa condição humana, – cumpriu a vontade do Pai até ao fim – «obedecendo até à morte e morte de cruz», mas Deus O exaltou, para que «ao nome de Jesus todos se ajoelhem (…) e proclamem que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai». Em seguida é feita a leitura da Paixão do Senhor. 

Nesta edição da revista SALICUS, publicamos a “Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo São Mateus, composta pelo padre Miguel Carneiro, como peça única, para órgão e coro a uma voz e a 4 vozes mistas. De vez em quando, em algumas personagens, vai colocando mais que uma voz. Outras vezes, aparece texto sem qualquer acompanhamento musical, e outras texto com acompanhamento de órgão.

Paixão quer dizer sofrimento, vem do latim passio, é a história da crucifixão de Jesus, contada pelos diversos Evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas ou João. Neste caso, o texto escolhido pelo compositor foi o de São Mateus.

São obras que geralmente são executadas nos dias de Semana Santa, antecedendo a Páscoa. Pode ser uma boa forma de oração cantada para uma vivência mais frutuosa da Semana Santa. Pode ser cantada na íntegra ou apenas executar algumas partes, por exemplo, no momento da Adoração da Cruz, em Sexta-feira Santa, ou nas Laudes de Sexta-feira Santa e Sábado Santo, apenas as Palavras de Jesus na Cruz. Mas se puder ser executada a Paixão toda, na íntegra, tanto melhor.

Dada a extensão da obra, quisemos dedicar este número exclusivamente à Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo S. Mateus, composta pelo Padre Miguel Carneiro.

Nesta edição da revista, o compositor quis também presentear-nos com o seu testemunho: “Marcas que ficam”, como introdução à obra.

Por isso, nesta edição, não publicamos a secção do “livro de órgão”, nem da “sala de ensaio”. Retomaremos a publicação na próxima edição. 

Como “artigo”, na presente edição, apresentamos “Silêncio Musicado”, uma reflexão de Rafael Gonçalves. “É nos silêncios que a forma musical encontra a sua realização.” (G. Brelet). “A música faz-te ouvir o silêncio, assim como ser ouvido em silêncio.” (Brunello). São duas citações com que ao autor abre e desenvolve a sua reflexão usando palavras de Kadinsky: “o poder da música é precisamente expressar por tons musicais, harmonias ou dissonâncias, certas impressões espirituais e afetuosas que frequentemente habitam a relação existencial com a natureza ou com a sua existência”. 

Concluindo, o artigo com palavras de José Augusto Mourão, o autor afirma: “muito mais que emitir sons, a música é profunda dependência do silêncio para, deste modo, melhor manifestar e distinguir os sons, as suas dinâmicas, melodias e ritmos, obtendo, assim, um maior impacto, uma maior efetividade”.

O Diretor

Juvenal Dinis

Ver notícia publicada no Jornal “Diário do Minho, 06-07-2023