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Notícias da Arquidiocese de Braga

Famalicão acolheu VI Domingo SALICUS

Realizou-se, no dia 5 de março de 2023, na igreja Matriz Nova, em Famalicão, o VI Domingo SALICUS: iniciativa organizada pelo Departamento Arquidiocesano de Música Sacra de Braga, pelo Departamento de Música Sacra do Arciprestado de Famalicão e pela Revista SALICUS.

No passado domingo, dia 5 de março de 2023, realizou-se na igreja Matriz Nova, em Famalicão, o VI Domingo SALICUS: iniciativa organizada pelo Departamento Arquidiocesano de Música Sacra de Braga, pelo Departamento de Música Sacra do Arciprestado de Famalicão e pela Revista SALICUS. Foi uma tarde de reflexão e música.

Em Famalicão, no passado dia 5 de março, o encontro começou com um momento musical pelas vozes do Grupo coral de São Martinho de Cavalões, que assumiu todas as intervenções cantadas – com a partilha dos cânticos: “Atei os meus braços” e “Feliz és tu, porque acreditaste”. Após a palavra de boas-vindas pelo Arcipreste, Pe. Francisco Carreira, e pelo Presidente do Departamento Arquidiocesano de Música Sacra, o Prof. João Duque abordou o tema: «Música / Liturgia / Jovens». O palestrante começou por afirmar que «a música litúrgica é música escrita, realizada, executada no contexto da liturgia cristã católica. Tem uma estrutura muito própria na Eucaristia. Em qualquer celebração ritual há ritos próprios. As orientações do rito são globais para todos os cristãos. O desejável não é a celebração por sectores, há uma celebração para todos. É a assembleia que celebra». Levantando algumas questões aos presentes, o Prof. João Duque referiu que: «a comunidade eclesial deverá ser o mais plural possível ao nível das idades. A comunidade deve refletir o todo, daí a importância da variedade dos membros». Outra das questões a que o conferencista desafiou os presentes foi: «apostar na qualidade da música adequada à celebração, tanto quanto possível». Alertou também para «o perigo de tantas vezes se praticar uma “música comercial” que, por vezes, está muito próxima da banalidade, muito sentimentalista e que não leva as pessoas a rezar. Pois, podemos estar empolgados para cantar uma coisa que é de outro ambiente e que não tem nada a ver com o que se está a celebrar». Por fim, lembrou que «nunca como hoje tivemos jovens músicos formados nas comunidades, é preciso saber integrá-los na liturgia e envolvê-los».

De seguida seguiu-se mais um momento musical onde escutamos: “Meu Deus na Simplicidade” e “Amai como Eu vos amei”. Após um breve intervalo, fomos agraciados com mais dois cânticos: “Onde há amor” e “Ouvi, Senhor, as minhas palavras”.

O tema «Cantar na Missa ou cantar a Missa» foi desenvolvido pelo Prof. José Carlos de Miranda: «A música nasceu palavra e cresceu palavra. A música pura é muito recente. Na primeira metade do nosso milénio não se compunha para instrumentos. A música era canto. Por exemplo, Camões canta e pede à música inspiração para cantar. A música nasceu muito ligada à palavra. O ritmo nasceu da palavra». O autor continuou: «foi graças ao cristianismo que nasceu a música pura, por exemplo, as “Quatro estações” de Vivaldi. Fora da nossa cultura não se encontram sinfonias. Nós inventamos a notação. Esta notação nasceu para ser usada na liturgia. Com Carlos Magno a notação estendeu-se por todo o lado. Desde sempre a religião católica teve ligação com a Bíblia, sempre a cantamos. A liturgia é a organização do culto pela fé cristã». Falando da Missa e da Liturgia das Horas (ofício), o autor afirmou que «tudo o que lá está é Sagrada Escritura inspirada, com exceção, na abertura das horas maiores canta-se um hino. S. Geraldo quando veio para Braga, veio organizar a liturgia, o canto. Não tínhamos a sociedade alfabetizada como hoje. Cantar na Missa exige que se use um registo adequado à relação com Deus. Pois, nem tudo é adequado. Se perdemos o valor do sagrado, Deus torna-se inacessível. O ideal é que se cantem os textos da Missa. A Missa cantada tem de ser cantada pelo Celebrante principal: os diálogos, as orações… Na liturgia da Missa há uma norma própria. Varia todos os domingos o introito, o salmo responsorial, versículo da aclamação ao evangelho, a antífona da comunhão. As aclamações: Glória, Sanctus e Agnus Dei, são sempre iguais». O autor concluiu: «cantar a Missa, os diálogos, as aclamações e o salmo responsorial, são a Missa».

Em seguida, escutamos o último momento musical pelas vozes do Grupo coral de São Martinho de Cavalões – “O cordeiro que foi imolado” e “Tu és Pedro”.

Por fim, o Presidente do Departamento Arquidiocesano de Música Sacra de Braga deixou uma palavra de gratidão a todos os presentes, aos palestrantes da tarde, ao grupo coral de São Martinho de Cavalões que preparou os momentos musicais e ao Arciprestado de Vila Nova de Famalicão, na pessoa do seu Arcipreste, Pe. Francisco Carreira, e ao Departamento de Música Sacra do Arciprestado, na pessoa do Pe. Nuno Castro.

Que estes encontros ajudem a melhorar a qualidade musical das celebrações litúrgicas.

 

Departamento Arquidiocesano de Música Sacra de Braga

Ver artigo publicado no Jornal “Diário do Minho”, 10-03-2023