Revista de Música Litúrgica – SALICUS, nº 11
A melhor forma de nos expressarmos para com Deus é através do canto e da música litúrgica. O cantar em conjunto cria comunhão, coesão, une os corações. Através da música e do canto na liturgia trespassamos as fronteiras do quotidiano, do trivial, para darmos lugar ao extraordinário, ao “Totalmente Outro” dizer-se a nós, quando cantamos hinos, salmos e textos inspirados da Sagrada Escritura. O canto na liturgia é a forma de um povo congregado em assembleia louvar, aclamar e suplicar ao seu Deus. Graças à música, a voz humana pode dizer o indizível.
Nesta edição da Revista SALICUS, abrimos com a obra: “Deus é Festa”, texto de José Augusto Mourão OP, com música de Alfredo Teixeira. É um Hino que pode ser usado nos vários momentos da celebração litúrgica e adaptado aos recursos disponíveis nos diferentes contextos de celebração litúrgica.
Na continuidade desta temática iniciada na primeira obra “Deus é Festa”, este número 11 oferece uma “Missa dos Arcanjos” para coro misto e órgão, com música de João Santos, em que várias partes, como o ordinário da Missa, podem também ser usadas noutras celebrações.
Na “Sala de Ensaio”, Paulo Bernardino presenteia-nos com a análise e interpretação do responsório O Magnum Mysterium do padre e compositor holandês Maurice Pirenne (1928-2008), um responsório dedicado ao Tempo de Natal «para mostrar como podemos ler e entender a música para além das suas meras notas musicais».
Como “artigo”, na presente edição, apresentamos uma reflexão sobre “O canto e a música na liturgia” de J. Aldazábal, em que o autor divide a sua reflexão em vários pontos: a) o canto expressa e realiza as nossas atitudes interiores, expressando que: «na liturgia o canto tem uma função clara: expressa a nossa postura diante de Deus (louvor, petição) e a nossa sintonia com a comunidade e o com o mistério que celebramos»; b) o canto faz comunidade: «o canto é um dos melhores sinais e fatores do nosso comum sentir»; c) o canto faz festa: «nada mais festivo e mais gratificante nas celebrações sagradas que uma assembleia inteira, que expresse a sua fé e a piedade pelo canto (MS 16)»; d) a função “ministerial” do canto: na liturgia «cada canto e cada género de música devem respeitar a razão de ser dos diversos momentos e ritos da celebração»; e) o canto, sacramento: «o canto numa celebração não é questão meramente estética ou pedagogia pastoral, mas que tem raízes teológicas. É a “voz da Esposa” que se une à “voz da Esposo”, que se incorpora ao hino de louvor de Cristo Jesus». E conclui a sua reflexão fazendo um convite ao canto, afirmando que ele «é um bom termómetro da sua vida, coesão, criatividade e saúde na vida de fé».
O Diretor
Juvenal Dinis
Ver notícia publicada no Jornal “Diário do Minho”, 14-02-2022