Realizou-se, na tarde de 25 de fevereiro de 2018, na igreja de S. Paulo, em Braga, o I Domingo SALICUS: iniciativa organizada pela Comissão Arquidiocesana de Música Sacra de Braga, Revista Salicus e Escola de Música Litúrgica de São Frutuoso. «Foi uma tarde memorável», classificou a organização em comunicado ao Diário do Minho.
A sessão foi aberta pelo presidente da Comissão Arquidiocesana de Música Sacra de Braga, padre Juvenal Dinis, que dirigiu uma palavra de boas-vindas a todos os presentes e fez a apresentação dos elementos que compõem o Departamento Arquidiocesano de Música Sacra de Braga, recentemente nomeado pelo Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, bem como a missão da mesma. Esta Comissão tem como missão: «delinear prática e promover iniciativas como esta, no sentido de, ajudar a proporcionar às celebrações litúrgicas a qualidade e dignidade que acompanham, preparando os intervenientes na liturgia sagrada: organistas, salmistas, cantores e diretores dos coros »,« acompanhamento quanto se pretende executar em concertos ou celebrações especiais» e «estimular o uso dos órgãos de tubos, onde existam, promovendo o seu uso habitual». E ainda, com esta iniciativa pretendeu-se colocar em prática os desafios lançados pelo Papa Francisco no recente Congresso sobre a Música Sacra realizada em Roma: «uma renovação da música sacra requer saber« contemplar, adorar e acolher» a ação divina,« percepcionar-Ihe o sentido, graças, em particular, ao silêncio religioso e à musicalidade da linguagem »com que Deus fala» … «A música sacra e o canto litúrgico têm a tarefa de nos dar o sentido da glória de Deus, da sua beleza, da sua santidade que nos envolve como uma nuvem luminosa »[Cf. www.snpcultura.org].
Após a palavra de abertura, o Coro da Escola de Música Litúrgica de São Frutuoso (EMLSF) executou o “Magnificat” de Pachelbel, que deu o mote para a tarde. O cónego Hermenegildo Faria abordou a temática: “o que cantar em cada momento da liturgia?”. Durante a sua exposição, o palestrante, ressalvou que: «na música litúrgica os textos são o mais importante: o canto e o silêncio são para reforçar, realçar e memorizar a Palavra de Deus». Explicitou ainda que «a maior parte dos textos textos na Bíblia e que música litúrgica deve moldar-se ao texto».
No sentido de ajudar os participantes no evento a preparar bem os repertórios musicais para cada celebração, o sacerdote apresenta alguns exemplos de como escolher um cântico de entrada e de comunhão, dizendo que: «devem-se ter em atenção as antífonas de entrada e comunhão que vêm no Missal Romano, pois geralmente essas antífonas já estão musicadas e são tiradas da Sagrada Escritura. Deverão ser essas que se devem cantar». Sobre o cântico de entrada, ressalvou que «é o cântico que abre a celebração, que favorece a união dos fiéis, introduz no mistério e tempo litúrgico que se está a celebrar. A sua forma musical pode ser: refrão – estrofe – refrão, ou hino -tropário, ou antífona-coro-estrofe». Em relação ao “Glória”, sugeriu que «como é um hino, não deve ser cantado com refrão, mas como uma peça única, sem interrupções». Já quase na conclusão da sua exposição, em relação à aclamação do evangelho, disse que «cada missa tem uma aclamação própria e que os Aleluias são as peças mais bonitas do Gradual Romano e que deveríamos conhecer como grandes aclamações ao Evangelho». E, concluiu a sua exposição dizendo que o Credo «é um hino e, como tal, pode também ser cantado».
Terminada esta exposição, o coro da EMLSF apresentou algumas das obras publicadas na Revista SALICUS.
Na segunda parte da tarde, João Duque, presidente do Centro Regional da Universidade Católica em Braga, abordou o tema: “Os jovens e a música”, partilhando que «quem determina a música que deve ser cantada na liturgia é a celebração, não é o gosto pessoal do presidente da celebração ou do diretor do coro». E ressaltou que «o importante é que realmente o maior número possível dos que celebram participem, e que o silêncio é também importante na liturgia».
Levantando algumas questões às questões, João Duque, referiu que «a comunidade eclesial deve ser o mais plural possível ao nível das idades. A comunidade deve refletir o todo, daí a importância da variedade dos membros». Outra questão das questões a que o conferencista desafiou os presentes foi a «apostar na qualidade da música adequada à celebração, tanto quanto possível». Alertou também para «o perigo de tantas vezes se praticar uma música comercial” que, por vezes, está muito próxima da banalidade, muito sentimentalista e que não leva as pessoas a rezar. Pois, podemos estar empolgados para cantar uma coisa que é de outro ambiente e que não tem nada a ver com o que se está a celebrar».
Por fim, deixando um desafio ao Departamento e à Revista para que se faça «música com qualidade e bem feita para a celebração, a pensar nas pessoas e na faixa etária».
O encontro culminou com a celebração da Eucaristia, onde se colocou em prática os desafios lançados pelos palestrantes da tarde, deixando que através da Palavra, da Música e do Silêncio, se fizesse a experiência do «sentido da glória de Deus, da sua beleza , da sua santidade que nos envolve como uma nuvem luminosa ».
Pelo Departamento Arquidiocesano de Música Sacra
Ver artigo publicado do Jornal “Diário do Minho”, 07-03-2018